quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

50 anos de Afro-Sambas

O lançamento do disco antológico da parceria Baden Powell e Vinícius Moraes completa meio século em 2016. O projeto +JaZZ100StreZZ  traz as canções icônicas do disco como “Canto de Ossanha” em releituras instrumentais para mais uma edição do evento homónimo no dia 06/03 no Centro Cultural Monte Azul.

No começo de janeiro de 1966 se reuniram num estúdio do RCA no Rio de Janeiro um jovem violonista prodígio (Baden Powell), um poeta de profissão diplomata (Vinícius de Moraes), um conjunto de vozes femininas da Bahia (Quarteto em Cy), um maestro da música clássica (César Guerra-Peixe), um conjunto de músicos cheio de percussão afro-brasileira e por fim um coro leigo de amigas  e amigos dos protagonistas para gravar o que se tornaria um dos discos mais importantes da música popular no Brasil. 

Foi uma gravação em clima de festa entre amigos, regada a uísque e outras “inspirações”, que registrou em LP o que tinha nascido num encontro entre Baden e Vinícius em 1962 que durara mais que três meses. Num período de clausura o apartamento do poeta virou laboratório para uma série de composições que praticamente fundaram um novo gênero musical brasileiro, os afro sambas. A dupla, apaixonada pelos sons dos sambas-de-roda e dos cantos-de-candomblé praticados na Bahia, começou a misturar temas da música afro com o samba tradicional que fazia parte do repertório dos dois. Nasceram assim “Berimbau” (que já foi publicado antes do lançamento do disco em 1966), “Canto de Xangô”, “Bocoché”, “Tempo de amor” e “Canto de Ossanha” entre outros. Como compositor Baden Powell conseguiu de forma revolucionária “realizar um novo sincretismo, carioquizar, dentro do espírito samba moderno, o candomblé afro-brasileiro, dando-lhe ao mesmo tempo uma dimensão mais universal”, como afirma Vinícius de Moraes no texto de contracapa do álbum.

Hoje depois de 50 anos os afro-sambas provam mais que nunca a sua atualidade musical gozando de grande popularidade em todas as gerações e sendo referência em inúmeras homenagens e regravações. Assim o projeto Jazz100Strezz, no seu quarto ano de existência, decidiu apresentar esse repertório histórico da música brasileira no seu próximo show que abrirá a temporada 2016 da série. Já conhecido por suas releituras instrumentais da obra de compositores como Tom Jobim, Dominguinhos ou Bob Marley o trio formado por +Matthias Vogt (piano), +Danilo Vianna de Castro (contrabaixo) e +Henrique Bochud (bateria) vai dessa vez contar com o reforço do percussionista Marcelo Caverna para mergulhar mais profundamente no universo da música afro-brasileira nas suas interpretações da obra de Baden e Vinícius. A ideia é reverenciar a tradição e a riqueza da música afro e arriscar ligações novas com o jazz moderno e a música experimental. 

O tributo “Os Afro Sambas” acontecerá no dia 6 de março no Centro Cultural Monte Azul, Zona Sul da capital. A série de eventos Jazz100Strezz procura recriar o ambiente de um estiloso bar de jazz na periferia de São Paulo e fortalecer a acessibilidade da música instrumental para um público maior. Um ambiente iluminado à luz de vela, uma seleção de bons vinhos e opções de caldos quentes fazem parte do espetáculo, um convite para uma noite de domingo discontraída e inspirada. 


JaZZ100StreZZ: Tributo “OS AFRO-SAMBAS” - Domingo, 06 de março 2016 - 19H - Centro Cultural Monte Azul, Av. Tomás de Sousa 552, Jd. Monte Azul, São Paulo/SP. Entrada: R$ 5,00. Mais informações: https://www.facebook.com/events/588039044682064/